Freguesia de Belém, criada com o novo mapa administrativo de Lisboa (lei 56/2012 de 8 de Novembro) com a união das freguesias de:
S. Francisco Xavier:
Fundada em 7 de Fevereiro de 1959.
Esta freguesia é conhecida pelo hospital com o mesmo nome e também pela parte alta do bairro do Restelo, zona residencial que partilha com a freguesia de Santa Maria de Belém, assim como pelo bairro social de Caselas.
Património
Moinhos do Caramão da Ajuda ou Moinhos de Santana ou Moinhos do Casal das Freiras Ermida de São Jerónimo
Quinta de Caselas
Quinta de São José
Quinta de Santo António de Caselas
Fonte:http://pt.wikipedia.org
História
Alguns vestígios arqueológicos, que têm sido encontrados nas imediações da freguesia, indiciam que foi procurada e habitada em épocas pré-históricas.
Ainda hoje há vestígios da passagem de Mouros, quer na toponímia, quer na arquitetura.
Deles por aqui ficaram nomes como Alcolena, Algés, Alfragide, Alcântara, Alvito e Almargem. A sua presença fez-se notar ainda na arquitetura, sobretudo com a construção de moinhos. Estes caracterizaram a paisagem dos arredores de Lisboa durante muitos séculos e eram, quase sempre, construções de dois a três pisos.
As freiras do Bom Sucesso
As freiras Dominicanas Irlandesas do Convento do Bom Sucesso e os frades Jerónimos foram os proprietários de terrenos e bens o que é hoje a Freguesia de São Francisco Xavier.
Entre as suas pertenças são de referir vários moinhos. Alguns deles chegaram aos nossos dias, como os de Sant’Ana, construídos entre 1755 e 1762.
As quintas de Caselas
Nos séculos XVII a XVIII, esta área estava marcada por quintas e palácios, devido, em parte, à grande concentração populacional registada na região aquando do terramoto de 1755. Sendo uma zona que pouco sofreu, tornou-se apetecida não só da corte e da aristocracia, mas também do povo.
Em Caselas, encontra-se, em 1751, uma quinta importante, com uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Graça.
O muro dessa quinta exibia, à entrada, uma imagem de Santo António. Daí esta ser conhecida como Quinta de Santo António.
A Quinta de Caselas ficou também para a história. O edifício, do século XVIII, exibia portal e pátio de entrada.
Existiam também vários casais, como o de Pai Calvo, que o rei comprou aos frades Jerónimos, juntamente com o casal de Alcolena.
A Quinta de São José, assim como os casais com o mesmo nome, propriedades hoje unidas numa só, alberga o Colégio “Quinta das Palmeiras”.
…e a aldeia torna-se cidade Terra de “semeaduras, escassos vinhedos e algumas oliveiras”, “de águas e de frescas sombras, de lavadeiras e de moleiros”, a zona a que hoje chamamos de Freguesia de São Francisco Xavier foi, durante o século XIX, um desses lugares aprazíveis, onde a calma reinava e se respirava ar puro.”
É no século XX que os terrenos que hoje pertencem à Freguesia de São Francisco Xavier passam de zona rural a zona urbana; a população aumenta, o lugar deixa de ser arrabalde para integrar a própria cidade. O censo de 1960 registava já uma população de 2911 pessoas. Atualmente, mais de quarenta anos passados, e tendo por base os dados do censo de 2001, a população da freguesia ascende a 8100 pessoas.
Em 1934 começa a transformação da zona envolvente, quando Duarte Pacheco manda florestar Monsanto. Depois, na encosta da nova Mata de Monsanto, Caselas vê nascer, em 1949, o Bairro Social, da autoridade Couto Martins.
Pouco tempo depois, e quase em frente ao de Caselas, outro bairro nascia: o do Restelo. São Francisco Xavier é hoje uma das freguesias mais verdes de Lisboa. Dominada pela Mata de Monsanto e por arvoredos e relvados, tem sabido proteger a sua magia de aldeia dentro da cidade.
Embora as vivendas continuem a dominar a paisagem, as zonas de prédios não perderam os espaços ajardinados.
Em finais de 2009 teve início, no Alto do Restelo, a construção da nova igreja paroquial com projecto do Arquitecto Troufa Real.
A igreja tem forma de caravela dourada e uma torre panorâmica com cem metros de altura (O bojo que era para ser dourado ficou, afinal, cor-de-ferrugem e a exótica torre de 108 metros de altura não saiu, por enquanto, do papel
(in
https://www.publico.pt/2011/11/28/local/noticia/r... )
Santa Maria de Belém:
História
A zona ocidental da cidade de Lisboa, delimitadas pelas ribeiras de Algés, e de Alcântara, a nascente – a que em parte corresponde a atual freguesia de Santa Maria de Belém – foi habitada, de acordo com os arqueólogos, desde remotos tempos, havendo nela vestígios da presença humana na era do paleolítico.
Já com Portugal formado, no reinado de D. Afonso III, informam-nos as inquirições que na região o povoamento permanecia disperso, sem qualquer localidade digna de relevo, vivendo as populações essencialmente do amanho da terra. Mas já então se ia fazendo sentir a ligação à vizinha cidade de Lisboa, em que uma ponte entretanto construída – Alcântara significa, precisamente, a ponte – desempenhava importante papel no tráfego entre os dois pontos. A proximidade do Rio Tejo, por seu lado, foi determinado o surgimento de atividades ribeirinhas e daí adveio o desenvolvimento de uma pequena aldeia – a do Restelo -, nascida num surgidouro que levava os marinheiros a ficarem-se por aí, em vez de seguirem até Lisboa. No século XIV, mouros forros cultivavam as terras confinantes e abasteciam a cidade; outros mouros, livres e escravos, dali partiam para a faina da pesca.
Ora, foi para dar apoio religioso e espiritual a essa gente que se agitava em torno desse pequeno porto em crescimento, a esses embarcadiços que largavam e aportavam, que o infante D. Henrique, movido de piedosas intenções, mandou edificar junto do referido embarcadoiro uma igreja de invocação da bem-aventurada Maria, logo por ele doada à Ordem de Cristo; parece que o mesmo infante, por carta de 18 de Setembro de 1460, terá mandado construir um chafariz e uma fonte, abastecendo assim as gentes e os gados da região.
Durante a centúria seguinte, o porto do Restelo não sofreu incremento notório, nem na zona foram aparecendo quaisquer outras povoações que merecessem particular relevo. Aquilo que se verificou foi uma progressiva integração na cidade de Lisboa, e mesmo a majestosa fundação da nova igreja e mosteiro por D. Manuel não correspondeu propriamente a um nítido sinal de resposta a qualquer crescimento populacional e urbano de realce. Com este soberano, deixou a primitiva igreja de pertencer à Ordem de Cristo, tendo antes o Venturoso atribuído a sua administração aos monges hieronimitas, congregação de forte pendor eremítico.
Ao mesmo tempo, atribuía D. Manuel ao novo templo a invocação de Santa Maria de Belém, de forma a aludir à adoração do menino pelos reis magos, vincando destarte o carácter régio da edificação. O mesmo monarca – nas palavras do célebre Damiam de Góis – mandou edificar sobre pedras lançadas no mar ”uma torre de quatro plataformas, erguida em cantaria (…)”. Estava, assim, formado o monumental conjunto manuelino torre de Belém/Mosteiro dos Jerónimos. A partir de então, nessa franja de costa entre Lisboa e Belém, começaram a aparecer numerosas quintas, já não apenas meras propriedades de rendimento, mas também de recreio, onde a nobreza participou a residir temporariamente, num esquema de cariz sazonal. Com uma população que, a pouco e pouco, foi crescendo, novos conventos apareceram – essencialmente de freiras – e a natureza de subúrbio da capital foi-se acentuando, embora alguns relatos, como por exemplo o de frei Nicolau de Oliveira de 1620, já nos vão incluindo Belém dentro do perímetro da cidade. Algures entre 1551 e 1591 – como aponta Vieira da Silva – havia sido erguida a freguesia de Nossa Senhora da Ajuda, mas sendo o seu território demasiado vasto, tinha a paroquia duas sucursais, uma das quais instalada no mosteiro de Belém.
A zona tornou-se então progressivamente mais apetecível. Dom João V aí adquiriu um conjunto de quintas e propriedades, sendo de admitir que tivesse em mente a ideia de vir a desenvolver qualquer projecto de monta. Carvalho da Costa, na sua Corografia Portuguesa, relata-nos que “adiante da Junqueira fica logo o lugar de Belém, taõ salutifero & aprazível, q dos naturaes & estrangeyros he appetecido para habitação; & os que por falta de commodidade o naõ podem habitar, estaõ em continuo concurso frequentando aquelle sitio. Nelle tem casas, quintas nobres, Fidalgos das primeyras qualidades do Reyno; & se o terreno permittira mais Palácios, ou edifícios, viera a ser a cidade continuada até aquelle sitio”.
No terramoto do primeiro de Novembro de 1755, Belém e Ajuda foram das zonas menos afetadas pela catástrofe. Tal circunstância concorreu para que muita gente para ali se dirigisse e se instalasse em numerosas barracas que foram sendo edificadas nos diversos baldios que então existiam. O próprio rei D. José e a corte fixaram-se numas barracas situadas numa das quintas régias, próximo do local onde mais tarde se ergueu o palácio da Ajuda. A permanência do monarca e do seu ministro – o futuro marquês de Pombal, entretanto nomeado ministro e secretário de Estado dos negócios do reino – fizeram do eixo Belém-Ajuda, ao longo do terceiro
quartel de setecentos, o centro do funcionalismo e da burocracia, atraindo simultaneamente para a zona o comércio e os artífices. A presença militar foi outra realidade, com a instalação que entretanto se verificou, na calçada da Ajuda, dos quartéis do regimento de infantaria do conde de Lippe e do regimento de cavalaria de Mecklemburgo. Estava, assim, consolidada a definitiva integração daquela zona da cidade de Lisboa.
Em 1770, foi formalmente criada a freguesia de São Pedro de Alcântara, abrangendo um território a poente da ribeira, desanexando da freguesia da Ajuda. Também no reinado de D. José, foi oficialmente instituído o bairro – judicial e administrativo – de Belém, que abrangia toda a freguesia da Ajuda, parte das de Alcântara e Santa Isabel, e ainda, no termo da cidade, as freguesias de Benfica, Belas, Barcarena e Carnaxide.
Os derradeiros anos do século XVIII e os primeiros decénios do XIX trouxeram à zona de Belém-Ajuda diversas contrariedades, acabariam por afastar dali o centro político do país. Em 1794, deu-se o grande incêndio na real barraca da Ajuda, obrigando a família real a abandonar o local e a instalar-se, sobretudo, no palácio de Queluz. Mesmo o início da construção do palácio da Ajuda, logo no ano seguinte, não impediu esse afastamento, pois a falta de verbas impedia a conclusão do novo paço e as invasões francesas, no dealbar do oitocentos, acabariam por determinar a transferência da família real e da corte para o Rio de Janeiro, de onde só regressariam em 1821, para se instalarem, sucessivamente, nos passos das Necessidades e da Bemposta.
Mas se já ao longo da segunda metade de setecentos se assistira ao aparecimento, em Belém, de diversas oficinas de artífices e de algumas indústrias, as primeiras décadas da centúria seguinte ficaram marcadas pelo efetivo desenvolvimento de um pólo fabril, em particular na zona de Pedrouços e Bom Sucesso, que abrangia produções tão diversas como as dos curtumes, cordoaria, estamparia, vidros, louças, tecidos de algodão e de seda, entre outras.
A 28 de Dezembro de 1833, era formalmente instituída, por decreto, a freguesia de Santa Maria de Belém, com sede na igreja dos Jerónimos e abrangendo um território desanexado da freguesia da Ajuda. Nos anos subsequentes, verificam-se diversos melhoramentos nas artérias da zona e Belém vivia então plenamente o pulsar quotidiano do ambiente citadino. O desenvolvimento industrial da nova freguesia acentuou-se ao longo da segunda metade de
oitocentos. Um inquérito realizado em 1881 dá-nos conta da existência de, pelo menos, vinte e cinco fábricas no eixo Alcântara-Belém, que empregavam cerca de 1215 homens, 812 mulheres e 432 menores. Estávamos em plena revolução industrial e Belém encontrava-se na charneira dessa forte mudança social. Este fenómeno trouxe um outro, que foi o da fixação de uma população operária e o consequente surgimento dos primeiros pátios e bairros proletários.
Durante este período, conheceu Belém a sua maior autonomia administrativa: de 11 de Setembro de 1852 a 18 de Junho de 1885, existiu o concelho de Belém – cujo primeiro presidente foi o notável historiador Alexandre Herculano -, abrangendo as freguesias de Nossa Senhora da Ajuda, Santa Maria de Belém, parte das de São Pedro de Alcântara, Santa Isabel e São Sebastião da Pedreira, e ainda as freguesias de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, São Lourenço de Carnide e Menino Jesus de Odivelas.
Foi igualmente com estes tempos que a zona ficou de novo marcada pela presença assídua da família real, pois el-rei D. Luís e sua mulher, a rainha D. Maria Pia, escolheram para sua residência habitual o inacabado (mas habitável) palácio da Ajuda.
Belém conhecera então diversos desenvolvimentos urbanos, como a construção do aterro que vinha de Alcântara até à torre de São Vicente de Belém, a abertura de diversas docas ou a inauguração da linha férrea para Cascais, que inicialmente apenas partia de Pedrouços. É também por estes tempos que as idas a banhos se começam a vulgarizar e que aparecem as primeiras colectividades de recreio e cultura.
Na transição para o século XX, a mancha urbana de Belém encontrava-se consideravelmente alargada e a população crescera significativamente; o surgimento do elétrico permitia fluxos de circulação com a zona central da cidade e durante as primeiras décadas dessa centúria muitas foram as alterações urbanísticas registadas nesta parte ocidental da capital. Mas mudança mais radical ocorreu em 1940 com a realização da Exposição do Mundo Português, evento que obrigou à demolição de uma boa parte do núcleo central de Belém e que hoje forma a grandiosa praça do Império.
De então para cá, Belém assumiu plenamente a sua condição de centro cultural e monumental, onde um conjunto patrimonial de elevado interesse histórico e artístico faz com que esta seja uma das zonas da cidade de maior influência turística. Jerónimos, Torre de Belém, Padrão das
Descobertas, Palácio de Belém e mesmo o moderno Centro Cultural fazem – como nos diz Maria Tavares Dias – com que, “quase sempre, cada guia acompanha tudo isto de evocações com caravelas aventureiras, descrições do manuelino e louvores às panorâmicas do Tejo”.
• Convento de Nossa Senhora do Bom Sucesso (conjunto) ou Convento Dominicano de Nossa Senhora do Bom Sucesso
• Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha ou Casa Nobre de Lázaro Leitão ou Quinta de Lázaro Leitão incluindo jardins
• Torre de São Vicente de Belém ou Torre de Belém ou Torre de São Vicente a Par de Belém (Estilo Manuelino)